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terça-feira, 29 de março de 2011

"Quiseram pensar que nós estávamos mais fracos"


O nosso entrevistado de hoje é um dos grandes jogadores portugueses, Reinaldo Ventura, grande parte da sua carreira passada no FC Porto, a sua força no remate é inconfundível no Hóquei em Patins.

(Fotos: Pedro Alves/Mundook e FotosDaCurva)

Como nasceu a sua paixão pelo Hóquei em Patins?
Começou muito cedo, tinha eu três anos quando comecei a andar de patins por influência do meu pai, amante da modalidade, e do meu padrinho, praticante, treinador e entusiasta, quase todos os meus primos jogavam também, depois com este acompanhamento era difícil não começar a jogar e adorar esta linda modalidade.

Grande parte da sua carreira tem sido passada no FC Porto, que significado tem este clube para si?
Como não poderia deixar de ser tem um grande significado, são 20 anos de dedicação ao FC Porto e se dissesse que não tenho orgulho estaria a mentir.
Identifico-me com o clube, com os adeptos e depois são muitas vitórias que estão a fazer com que esta passagem se torne inesquecível e que fique na história deste clube.

No inicio da presente época correram rumores da possível transferência do Reinaldo para o SL Benfica, o que tem a dizer sobre este assunto?
Penso nisso como uma situação normal que acontece em todas as modalidades, as equipas pensam em se reforçar e enfraquecer o adversário mais directo e eu como atleta ser cobiçado por qualquer clube de topo que seja, é um motivo de orgulho. É o reconhecimento do meu trabalho em todos estes anos.

  
Descarta a hipótese de um dia deixar o FC Porto?
Não, penso que a cultura desportiva no nosso país não me permite pensar que ficarei ligado para sempre ao clube, de coração sim mas fisicamente são poucos os casos e dai a minha opinião.
Aproveito a oportunidade para elogiar a atitude que um clube enorme como o Barcelona teve para com o seu guarda-redes de andebol que depois de ter uma vida dedicada ao clube retirou a camisola dele e mais ninguém poderá jogar com aquele numero.
Estes gestos de gratidão marcam a vida de um jogador.

Quais os objectivos que o FC Porto estabeleceu no inicio da época?
Estamos num clube vencedor e como é lógico passava por conquistar todos os títulos que tivessem ao nosso alcance, perdemos logo no inicio de época a Supertaça mas vamos tentar e queremos conquistar todos os outros.

A sua equipa vem de nove anos consecutivos a vencer o Campeonato Nacional, este ano as prestações da equipa tem estado aquém das expectativas com alguma dificuldade em chegar ao primeiro posto da classificação, a equipa ainda acredita no décimo título este ano?
Não concordo. Penso que quiseram pensar que nós estávamos mais fracos mas nestes últimos 12 anos já provamos que nós na adversidade somos muito fortes e temos um hábito de vitória que já não conseguimos viver sem ela.
Agora, algum dia vamos perder e isso faz parte do desporto, mas sim queremos o déca.

A Liga Europeia é um sonho?
Sim, o maior.
Mas também temos a noção que é o mais difícil de conseguir, mas como qualquer sonho enquanto tivermos forças vamos atrás dele.

As regras do Hóquei em Patins sofreram alterações nos últimos tempos, que opinião tem sobre este assunto?
Quando se toma uma decisão destas não se poderia agradar a toda a gente, e como é lógico eu acho que algumas regras foram benéficas outras não.  Isto daria para estar aqui a escrever um dia...

O campeonato está mais equilibrado este ano, acredita que um dos motivos desse equilíbrio seja algumas regras que podem decidir jogos?
Não, acho que os bons jogadores são bons de qualquer forma e os treinadores iguais.
Penso que há um equilíbrio maior e que as equipas se reforçaram bem.

Quais as equipas mais fortes no campeonato português e que podem discutir o titulo nacional na sua opinião?
Porto, Benfica e Oliveirense por esta mesma ordem

E as mais fracas ou seja as que podem ter dificuldades em manter-se no escalão máximo do Hóquei em Patins nacional?
Desde o inicio que sabia que o Limianos teria dificuldades por ter menos experiência de 1ª divisão mesmo admirando a vontade e dedicação de todos aqueles jogadores, se ficarem na primeira será uma agradável surpresa.

Este ano realiza-se na Argentina o Mundial, pretende estar lá a representar o nosso pais?
Estar na selecção é sempre um objectivo e um orgulho por isso como é lógico sim.

Acredita que é este ano que Portugal vai conquistar o título mundial?
As principais candidatas na minha opinião são a Argentina que joga em casa e depois a Espanha que joga como sendo campeã e imbatível nos últimos anos, dá-lhe uma vantagem enorme em termos de tranquilidade com que encara os jogos.
Depois vem Portugal e Itália que como potências do hóquei em patins tem sempre uma palavra a dizer.

A modalidade não tem sido divulgada nos meios da comunicação social e tem caído no esquecimento dos portugueses, como jogador fica triste em ver a modalidade que escolheu a desaparecer nos jornais e televisão?
Não acho que tem caído no esquecimento, pensar isso era desvalorizar todos aqueles que como tu trabalham em prol da modalidade, mesmo sem ganhar nada fazem um trabalho de divulgação espectacular, todas as pessoas que gostavam de hóquei continuam a gostar e continuam a seguir porque a informação chega-lhes.

Quem acha que pode mudar a situação do Hóquei em Patins e o que podem fazer?
Todos nós, jogadores, dirigentes, adeptos, todos nós.
Pensar que a pessoa do lado deveria fazer mais do que eu é fugir à responsabilidade e à realidade, todos nós conseguimos ajudar a melhorar de alguma forma.

Qual é a sua maior referencia no Hóquei em Patins?
Tó Neves, sem dúvida nenhuma foi o jogador que a nível desportivo mais me marcou, mais me fez perder a mania de adolescente e descer à terra, mais me fez perceber que isto era uma luta e que chegar lá em cima era difícil mas continuar lá em cima era muito mas muito mais difícil, um exemplo.

Qual o jogador com quem jogou e que o marcou mais e de que forma o marcou?
Aqui além do Tó, de quem acho que já disse tudo,  quero acrescentar o Filipe Santos, um companheiro e amigo de tantas lutas travadas, tantas vitórias e tantas derrotas, os títulos que ganhou falam por si.

E o treinador?
O Franklim pela sua humanidade, por vezes preocupasse mais com os jogadores do que com ele próprio, António Livramento por tudo o que sabia e pela fase da minha vida em que me treinou, Pires por me ter ensinado tudo e preparado para jogar ao mais alto nível, Cristiano Pereira por uma conversa que tivemos numa viagem para Barcelona que me fez mudar a minha atitude perante o hóquei.

Quando terminar a carreira de hoquista pretende ficar ligado à modalidade de alguma maneira?
Sim, depois de tantos anos é impossível não ficar ligado, gosto demasiado disto para não continuar ligado.

Se tivesse que escolher um cinco ideal com jogadores portugueses quais seriam?
Fácil para mim porque tive o prazer de jogar com todos eles, Guilherme Silva, Filipe Santos, Paulo Alves, Pedro Alves e Tó Neves.

Para terminar quer deixar uma mensagem a todos que gostam e lutam para que esta linda modalidade não “morra”?
Gostaria apenas de dizer que todos devemos fazer a nossa parte nesta luta pela elevação do Hóquei em Patins, todos juntos somos mais fortes por isso vamos todos fazer a nossa parte.
Obrigado a ti pela divulgação e a todos que como tu se preocupam e se esforçam para as notícias chegarem a quem gosta desta modalidade.

O "Best Hóquei" agradece ao Reinaldo Ventura a entrevista cedida e deseja as maiores feliciddes para o resto da sua carreira.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nem mais. E vai haver pela primeira vez no Hóquei um Deca-Campeão...

Conf. também

http://longara.blogspot.com/search/label/H%C3%B3quei%20em%20Patins

Cmps.