O entrevistado de hoje é Pedro Afonso, acabado de chegar a Espanha deixando o S. L Benfica para ingresar no clube espanhol Liceu da Corunha.
Acabou de deixar o S.L Benfica rumo a Espanha, qual o balanço que faz á sua passagem pelo clube da Luz?
A minha passagem pelo Benfica não se resume apenas à época passada já que foram 6 anos ligados ao clube, num total de 4 temporadas integrando o plantel da equipa de Hóquei e outras 2 temporadas emprestado ao Candelária SC. Quando cheguei ao Benfica a secção tinha sido reestruturada, a equipa era praticamente nova e as expectativas eram enormes já que pertencia a um grupo de jovens jogadores provenientes do Paço de Arcos que foram reforçar o plantel do Benfica, que misturados com jogadores mais experientes formava uma equipa interessante; no 1º ano construímos algo positivo que nos fez acreditar que no futuro poderíamos conquistar títulos. A realidade é que um conjunto de factores levou a que este grupo de jogadores, com entradas e saídas, inclusivamente com algumas reestruturações ao nível técnico e directivo, nunca se tenha afirmado totalmente quer nacional, quer internacionalmente, contando ainda com um super FC Porto que ano após ano foi elevando a fasquia. No final destes 6 anos, agradeço ao Benfica tudo aquilo que me proporcionou, mas fica sempre um sabor amargo por não termos conquistado o Campeonato Nacional, que pessoalmente era e continua a ser um sonho desde criança. Neste momento sinto-me melhor jogador do que há 6 anos atrás, e só tenho de estar satisfeito com o trabalho desenvolvido já que me surgiu a oportunidade de continuar a carreira desportiva ao mais alto nível noutra liga, com outras condições e com experiências certamente diferentes.
Agora está em Espanha, quais as suas expectativas para esta nova etapa da sua carreira?
A oportunidade de jogar na OK Liga é a oportunidade de jogar com e contra os melhores jogadores e treinadores a nível mundial, numa liga altamente competitiva, profissional e técnica e tacticamente muito evoluída. Pessoalmente era algo que ambicionava e este ano surgiu o convite do HC Liceu que me encheu de alegria e, ao mesmo tempo, de responsabilidade pela confiança demonstrada nas minhas capacidades. A adaptação ao clube, à cidade, aos colegas de equipa e aos métodos de treino tem sido muito positiva, e neste momento só penso no primeiro jogo da liga já no Sábado dia 2 Outubro. O HC Liceu tem objectivos muito concretos e a excelente época realizada na temporada anterior faz com que todos estejamos empenhados em conseguir ainda melhores resultados.
Quais os objectivos do Liceu para esta época?
O HC Liceu quer melhorar os resultados alcançados a época passada.
Na OK Liga perseguimos um Barcelona vencedor das ultimas 12 ligas espanholas, tendo em conta que numa liga regular, sem playoff, todos os jogos são finais importantíssimas. Na temporada passada o HC Liceu discutiu até às ultimas 2 jornadas da liga, e este ano o objectivo será mantermos-nos na luta até final, e quem sabe ganhá-la!
Na Copa del Rey o HC Liceu tem por 1º objectivo estar presente entre as 8 equipas que a disputarão, e depois melhorar o resultado anterior, ou seja, no mínimo estar presente na final.
A nível internacional o clube tem muita tradição na Liga Europeia e este ano queremos estar presentes na final 8, sendo detentores da taça CERS, assumindo grandes responsabilidades nesta competição que está cada vez mais forte e onde os melhores sempre se destacam! Por ultimo jogamos uma competição diferente, mas não de menos importância, a Supertaça Europeia, contra o Barcelona que, num só jogo, poderemos surpreender aquela que é considerada a melhor equipa do mundo.
O Liceu esta na Liga Europeia onde estão também duas equipas portuguesas, uma delas é a Candelária clube que já representou, como vai ser se vier a defrontar a sua antiga equipa?
Se jogar frente ao Candelária na liga europeia ficarei muito contente! Era sinal de que ambos os clubes estariam a jogar a fase final da prova, e também porque deixei muitas amizades na ilha do Pico e iria rever pessoas que me marcaram muito durante os anos que ali estive. O Candelária tem uma excelente equipa, reforçou-se muito bem este ano, e tem o melhor treinador português. O sorteio ditou que jogassem no grupo mais forte e equilibrado da competição. Não será fácil para nenhum dos clubes, mas penso que estão reunidas as condições para Liceu e Candelária jogarem a final 8.
Já falou nos objectivos da sua equipa, quais as “metas” que o Pedro Afonso pretende atingir este ano?
O mais importante para mim este ano é ser uma mais valia na equipa, poder jogar com regularidade e ser importante dentro da estratégia que o clube pretende implementar. Venho de uma operação ao ombro direito, estive todo o verão a trabalhar arduamente na minha recuperação e sinto-me a 100% para ajudar o HC Liceu a conseguir os seus objectivos. Por tudo isto e como quero prosseguir a minha carreira desportiva ao mais alto nível num clube como o HC Liceu procuro estar todos os fins de semana o mais concentrado possível já que vou defrontar equipas e jogadores com os quais não estava habituado a jogar e esta adaptação será fundamental para o sucesso da equipa e por conseguinte o meu próprio sucesso.
Como viu a participação de Portugal no Europeu da Alemanha?
Portugal nos últimos anos tem estado sempre "atrás do prejuízo" e esse prejuízo chama-se Espanha. As coisas não foram muito diferentes neste Europeu. Portugal esteve muito competente até ao jogo da final, demonstrando sempre superioridade e classe jogo após jogo. No jogo da final falhamos. A história repetiu-se. Já nos sentimos mais próximos de inverter esta onda vitoriosa dos espanhóis. Presumo que nos sintamos um pouco mais afastados depois deste europeu. Portugal, independenteespectaculares e atractivas. Estou certo que os jogadores e os responsáveis têm esse objectivo e sentem essa responsabilidade. Vamos esperar pelas próximas competições e trabalhar rumo ao sucesso.
Todos os jogadores trabalham em prol de uma chamada á selecção nacional, você já foi chamado varias vezes, quer-nos descrever o que sente um atleta a vestir a camisola das quinas?
A chamada à selecção é sempre uma consequência do trabalho e do momento que se vive no clube. Além de uma alegria imensa, sentimos-nos orgulhosos e, sobretudo, com uma grande responsabilidade por representar Portugal e por corresponder a confiança que o seleccionador deposita em nós com trabalho e dedicação. É um dos momentos mais altos da carreira de qualquer atleta, que fica para a historia não só da modalidade, mas também para recordar um dia mais tarde.
Como jogador como viu os eleitos do seleccionador para o europeu passado?
A selecção portuguesa era fortíssima! Todos os jogadores conheciam-se bem, não só por jogarem juntos há algum tempo, mas também porque já se cruzaram inúmeras vezes nas selecções. Além disso, todos eles estiveram em destaque nas suas equipas e chegavam com confiança ao Europeu. A realidade é que o jogo contra a Espanha correu muito mal desde o inicio. E hoje em dia é assim, estas competições resumem-se a 1 ou 2 jogos, e quem não mata morre.
Já esta em Espanha a alguns meses, nesta altura ja consegue encontrar as diferenças entre a importância do hóquei em Espanha e em Portugal em termos de comunicação social?
O Hóquei em Patins em Espanha é muito acompanhado em termos da comunicação social a um nível local, ou seja, aqui na Corunha, todos os jornais e televisões locais falam quase diariamente dos clubes galegos e competições em que participam. Assim acontece, presumo, na Catalunha já que estão lá sediadas a maior parte dos clubes espanhóis de Hóquei em Patins. Se pensarmos a um nível mais global, jornais diários como MARCA, SPORT, AS, etc.. o acompanhamento é escasso resumindo-se a pequenas peças quando joga a selecção espanhola, catalã, finais europeias e competições de relevo. Por ultimo fica a INTERNET já que, hoje em dia, é o melhor meio de divulgação, observação, consulta e informação da nossa modalidade, e aí, sítios como o teu e outros mais, quer portugueses, quer espanhóis, quer de outros países são importantíssimos para que o Hóquei continue bem vivo e que muita gente possa seguir equipas, jogadores e clubes por esse mundo fora.
Como vê a situação do Hóquei em Patins em Portugal, não temos esta modalidade nas televisões, qual a sua opinião sobre este assunto?
Sinceramente já não sei o que dizer. Não me parece ser uma questão portuguesa, mas sim global. Ainda esta semana tenho assistido a jogos do Campeonato do Mundo Feminino de selecções sénior em que, para meu espanto, se joga com as regras antigas! Mais, o modelo competitivo e as regras inerentes são alteradas a meio da competição com critérios inexplicáveis que, neste caso, foram devastadores para a selecção portuguesa. Isto para dizer que a constante mudança de modelos competitivos, a ridícula implementação de regras novas, só para alguns, que entretanto já mudaram, só para alguns, enquanto outros nem sequer as experimentaram, nem passaram pelo processo inicial, etc.. quer a nível dos campeonatos nacionais, quer a nível das provas europeias, quer a nível das competições de selecções nacionais descredibilizam muito a modalidade. Em Portugal, os jornalistas que cobrem as competições de Hóquei em Patins, à excepção de 1 ou 2, são escolhidos aleatoriamente, não têm qualquer experiência na modalidade, muito menos têm ideia do que se vai pondo em prática, sendo assim muito difícil relatar, com veracidade e com clareza suficiente, as incidências de jogos, competições, selecções, etc.. Muito menos temos alguém especializado "dentro" do meio para que essa informação chegue antes mesmo da cobertura de jogos e competições por parte dos jornalistas. Em todas as outras modalidades chamadas "amadoras" existem grupos de jornalistas mais ou menos especializados que fazem correr informação e fazem chegar ao publico em geral tudo aquilo que é necessário para se entender o jogo, a competição, etc.. Nesta pré - temporada o HC Liceu participou em torneios internacionais em Angola e Argentina, 2 países com tradição na modalidade, 6º e 2º respectivamente no ultimo campeonato do Mundo realizado em Vigo 2009; em Angola era a primeira vez(!), que os árbitros daquele país apitavam jogos com as novas regras em vigor, um ano depois de serem implementadas, com naturais e visíveis dificuldades na aplicação das mesmas; Na Argentina os árbitros apitavam um misto de novas regras com regras antigas, tendo os jogadores das equipas europeias que se inteirarem aos poucos e poucos, dia após dia, daquilo que era novo, e do que continuava do antigo regulamento. Como será possível uma modalidade com graves falhas em situações básicas como aplicação e universalidade das regras do jogo, regulamento de competições, modelos competitivos, etc.. querer ir mais além, ser noticiada, ser cobiçada pelas televisões, ser modalidade olímpica?!?! É com tristeza que digo que a nossa modalidade está doente, e precisa urgentemente de intervenientes capazes de alterar e simplificar tudo o que a rodeia. Partirá dos jogadores? Não me parece. Mas tenho a certeza que todos os jogadores estarão disponíveis e poderão contribuir para um futuro melhor do Hóquei em Patins.
Se pudesse escolher um cinco ideal, com jogadores que tiveram oportunidade de jogar consigo nas equipas onde já jogou qual seria?
Carlos Silva (GR), Mariano Velásquez, Jordi Bargalló , Ricardo Barreiros, Pablo Alvarez.
E se tivesse que escolher um treinador que teve e o porquê dessa escolha?
Escolheria Carlos Dantas pela sua experiência, sabedoria e conhecimento do jogo.
Quer deixar uma mensagem a todos os amantes desta modalidade?
Se todos os dias, todos os que amam o Hóquei em Patins, fizerem algo em prol desta modalidade, nunca cairá no esquecimento e será sempre uma das modalidades mais queridas dos portugueses.
O "Best Hóquei" agradece ao Pedro Afonso a entrevista cedida e deseja as maiores felicidades para o resto da sua carreira.
2 comentários:
Grande Pedro ! desejo-te tudo de bom e que faças uma grande época.
Agora teres escolhido o Carlos Dantas como o teu treinador favorito..... não sei não.... se o vaidoso ler a tua resposta.....
Grande entrevista.
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