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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

"Catalunha, pelo número de praticantes e tradição, vai estar sempre um passo à frente do restante país"



Acaba de se sagrar campeão do mundo na Argentina pela selecção espanhola, Jordi Bargalló já tem um currículo de invejar qualquer um atleta, estivemos com o atleta do Liceu que nos respondeu a algumas questões.

Que balanço faz do Mundial?
Foi um êxito e um prazer ganhar o Mundial na Argentina e numa localidade onde se vive tanto o hóquei em patins. Foi dos eventos mais bonitos em que já pude participar.

Antes da final a selecção teve muitas dificuldades frente a Moçambique, só vencendo depois de prolongamento. Que aconteceu no jogo, já que não se esperava tal coisa?
Sabíamos que Moçambique não ia ser um jogo fácil. Era a equipa revelação e os seus jogadores estavam em estado de graça. Nós tentamos jogar como sempre, colocar um grande ritmo de jogo no ataque e por toda a partida. O que se passou foi que não estivemos eficazes na marcação de golos. Era um jogo em que tínhamos muito a perder e pouco a ganhar, tentamos marcar golos mas não era o dia. Acredito que, ao não aumentarmos muito o resultado, fez com que, Moçambique crescesse e nos colocasse as coisas muito complicadas.

Como se sentiu jogando perante um pavilhão com 8000 pessoas?
A verdade é que foi um prazer poder desfrutar de um campeonato destas dimensões em San Juan. O público foi muito respeitador durante todo o campeonato. Quanto ao dia da final, só te dás conta do público presente ao início, durante o aquecimento, mas assim que começa o jogo, esqueces-te do público e concentras-te no jogo.

Que resumo faz do jogo frente à Argentina?
Creio que nos saio um jogo muito bom, podemos colocar-nos na frente do marcador e a partir daí jogo um pouco com a tensão e a ansiedade da equipa Argentina. Jogámos o jogo que nos interessava e o que havíamos planeado. De todos os modos temos de felicitar a seleção Argentina, pois fez um ótimo campeonato, e nos colocou perante enormes dificuldades.


Que significa este título?
Para mim e para a equipa era muito importante e especial poder jogar e ganhar um Mundial na Argentina. Mas agora que já passou, temos de assimilar, alterar as prioridades e centrarmo-nos na equipa e na nova temporada que está pronta a começar.


Como sabe o Campeonato ficou marcado pela polemica de arbitragem no jogo Portugal-Argentina. Você, como amante do nosso hóquei, como viste todas as coisas que se passaram?
A verdade é que não pude seguir o jogo, já que, estávamos a recuperar no hotel. De todas as formas os meus colegas Portugueses queixaram-se muito dos árbitros. Não quero entrar em polemicas  considero que os árbitros podem ter erros de perceção, já que é muito difícil ver todas as ações no momento. De todas as formas, não posso entender a diferencia de critério nos protestos de uma e de outra equipa. Como eu não estava no pavilhão é muito difícil avaliar o que se passou.

Depois de muitos anos sem reconhecimento por parte das entidades oficiais, como viu algumas notícias, depois do título em San Juan?
Acredito que em Espanha no final se falou muito do Campeonato e do reconhecimento que merece esta seleção, pela trajetória que leva. Fico-me por aqui, e espero que este seja um princípio para que se comece a falar mais do nosso hóquei em patins.

Sabemos que esta situação se deve ao desconhecimento do hóquei em patins em Espanha. Qual pensa, ser a estratégia da FEP (Federação Espanhola de Patinagem) para ter hóquei em mais cidades de Espanha, e não estar tão concentrado na Catalunha?
Penso que a Federação está a trabalhar bem, mas claro que a Catalunha, pelo número de praticantes e tradição, vai estar sempre um passo à frente do restante país. O facto de os jogos, passarem a ser transmitidos a nível nacional (Espanhol), vai ajudar à promoção do nosso desporto.

Agora falando da próxima época, quais são as suas expetativas no Liceo da Corunha?
Primeiro que tudo temos de formar um bloco difícil de derrotar. Creio que temos uma equipa muito jovem, mas com muito talento e ambição. As expetativas antes de começar, são sempre, aspirar ao máximo, mas temos que ir jogo a jogo e trabalhar muitíssimo, para tentar fazer uma boa campanha.


Tem 31 anos. Como te vê no futuro, quando terminares a tua carreira de jogador. Pensas ficar ligado ao hóquei?
Eu adoro o hóquei. de facto pratiquei-o em toda a minha vida, desde os três anos que jogo e suponho que sim, gostava de continuar ligado ao hóquei no futuro. Contudo neste momento prefiro viver e desfrutar do presente e logo veremos no futuro oq eu vai acontecer. De todas as formas temos de ser conscientes de que o hóquei não é tudo na vida, e há muitos caminhos a seguir.

Por curiosidade está acostumado a acompanhar hóquei noutros países?
Desde que, no ano passado tive como companheiro de casa o Pedro Afonso (grandíssimo jogador e grande pessoa), passávamos o dia a ver jogos do Campeonato Português, tanto da Primeira como da Segunda Divisão. Por outro lado os colegas Portugueses iam-me sempre informando dos resultados em Portugal e isso despertava mais o meu interesse.

Não acha que é tempo de um ex jogador dirigir o CIRH e a FIRS, já que o hóquei começa a ser esquecido pelas suas pessoas, e assim se torna impossível que chegue de novo aos Jogos Olímpicos?
Acredito que seria bom que fosse um ex jogador, o presidente do CIRH e da FIRS, mas tão pouco, o vejo como algo imprescindível. O importante é que as pessoas que estejam no seu comando, mantenham a ilusão e a humildade para trabalhar por este desporto que tanto gostamos.

Para terminar tem alguma mensagem?
Felicitar-te e agradecer-te a ti e a todos os que tornam possível que se fale e se divulgue um pouco mais, este desporto tão bonito, e muita felicidade para toda a grande família do hóquei em patins.

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