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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"Esta época pode ser um momento de viragem na realidade do hóquei em patins em Portugal."


Nuno Carrão é o novo treinador do Infante Sagres, com um grande historial no Hóquei em Patins, como pode ver aqui, depois da passagem pelo HC Paço Rei vai orientar a equipa do Infante Sagres.

Como nasceu o Nuno Carrão para o Hóquei em Patins?
O hóquei em patins surgiu na minha vida como complemento da minha formação. Não havia tradição familiar na modalidade. Quando entrei para a escola era tradição ser jogador de hoquei em patins (Salesianos do Estoril), os meus pais proporcionaram-me a entrada para o mundo do hóquei enquanto complemento da minha formação e educação.

Já passou por vários clubes e por projectos diferentes, qual o clube que o marcou mais e de que forma o marcou?
Enquanto jogador, além de 14 anos nos Salesianos, apenas conheci a realidade de outros 2 clubes, uma época em cada um.
Este ano faz 10 anos que me convidaram para iniciar a carreira de Treinador e neste caso a experiência já teve um maior número de realidades (C.D. Paço d’Arcos, Drámatico de Cascais, Parede Foot-Ball Clube, Clube Hóquei dos Carvalhos, Hóquei Clube de Paço do Rei e na presente época o Clube Infante de Sagres).
Todas as épocas tive aprendizagens muito importantes e distintas para a minha bagagem. Em todos as equipas a aprendizagem como treinador foi imensa pelos mais variados motivos. Coincidência de nomes, e sem esquecer cada época nos vários clubes, os anos passados em Paço d’Arcos e em Paço do Rei foram, até à data os mais marcantes. No Paço d’Arcos destaco a possibilidade de ter treinado atletas de excelência e ter contribuido para a formação de outros tantos, a organização interna a nível de coordenação técnica, a grande base da construção das minhas ideias e os meus princípios sobre hóquei foi ali desenvolvida. Por outro lado, temos o Paço Rei, onde tive a possibilidade de ser o responsável pela Coordenação Técnica de um clube, a sua organização em geral e toda a intervenção que me foi permitida por parte das direções possibilitaram-me contribuir em outras áreas que, normalmente, um treinador não tem alcance.

O seu último clube foi o HC Paço Rei, que balanço faz da sua passagem por este clube?
No HC Paço Rei estive 3 épocas, desempenhando funções de Coordenador Técnico, Treinador de Escolares, Infantis, Juvenis, Juniores, Coordenador do projeto do Centro de Formação de Hóquei em Patins HCPR/Gaianima. No desempenho destas funções, em geral, foi uma enorme aprendizagem e vivi experiências muito ricas em várias vertentes. Tenho para mim que passei cedo demais naquele clube (em termos de carreira), no entanto, julgo ter contribuído para o preparar e alcançar os objectivos que nos propusemos: aumentar os níveis competitivos das
equipas, organização da estrutura técnica, dinamização e divulgação do clube.


Agora ingressou no Infante Sagres, clube esse que acaba de chegar à Primeira Divisão, o Nuno Carrão tem muitos anos de Hóquei em Patins mas nunca treinou um clube no patamar máximo do hóquei patinado português, é um sonho realizado?
Sim é verdade que nunca tive à minha responsabilidade uma equipa sénior no patamar mais alto da competição do hóquei em patins em Portugal, no entanto sempre estive atento e tive a felicidade de ter acompanhado de muito perto o trabalho de vários plantéis sénior de uma equipa na 1ª divisão, durante alguns anos. Este é sem dúvida um patamar maior na carreira de um treinador de hóquei em patins, confesso que não era algo que almejava a breve prazo… mas há oportunidades que não aparecem duas vezes e é preciso ter a ousadia para as agarrar!

Quais os motivos da sua ida para o Infante Sagres?
O convite inicial feito pelos dirigentes do Clube Infante de Sagres estavam relacionados com a minha contribuição para os escalões de formação.

Que objectivos leva para o seu novo clube?
Os que trouxe inicialmente… tiveram que ser reestruturados! Se por um lado, nos Infantis, pretendo dar continuidade ao (muito bom) trabalho realizado nas últimas épocas, contribuindo para a evolução dos atletas/equipa e aumento da competitividade; nos séniores, a responsabilidade e a ambição são muito maiores. É preciso consolidar o lugar da equipa sénior do Infante Sagres no patamar mais elevado do hóquei em patins em Portugal, assim a manutenção no escalão principal e uma “boa e feliz caminhada” na taça de Portugal são os principais objectivos. Ao nível do clube, estou disponível para ajudar no que for necessário na sua organização e estruturação interna.


O Nuno tem trabalhado com equipas de escalões mais jovens, vai inserir novos métodos de trabalho visto que é uma equipa sénior?
A minha metodologia de treino e trabalho em equipas de hóquei em patins assenta em princípios de jogo que são transversais a qualquer escalão. No entanto, as características dos atletas condicionam a minha intervenção, ser o responsável de uma equipa sénior ou de uma equipa infantil é obrigatoriamente diferente. Ter a oportunidade de ser o responsável de uma equipa sénior que vai disputar o campeonato nacional da 1ª divisão irá com certeza permitir-me aprofundar e desenvolver determinados aspectos e áreas de intervenção no treino.

Gostou do plantel que encontrou quando chegou ao Infante Sagres?
Temos 3 semanas de trabalho em conjunto onde tenho realizado uma caracterização dos atletas a nível individual e enquanto coletivo. Temos muito trabalho pela frente até ao dia 22 de Outubro e muito mais trabalho, dedicação e empenho a partir desse dia. Neste momento são os melhores atletas que tenho à disposição, pois ao aceitarem participar e fazer parte desta equipa estão a mostrar uma enorme atitude de profissionalismo e entrega pela modalidade. Só posso estar satisfeito considerando todas as características que envolvem este plantél.

Na sua opinião quais as equipas candidatas ao título esta temporada?
Considerando as últimas épocas, considerando as alterações e mudanças de treinadores e jogadores, para a presente época considero, sem qualquer ordem de preferência o FC Porto, o SL Benfica, o Candelária SC e a UD Oliveirense os candidatos mais fortes para a obtenção do título.

E as mais fracas, as que podem descer de divisão no final da época?
As mais fracas e as que podem descer de divisão são características distintas e muito subjectivas, pois temos o exemplo recente de um vice-campeão de uma época… Por isso, as equipas que considero que vão lutar para não descerem de divisão no final da época são todas as que subiram (estatisticamente é o que tem acontecido…), juntamente com a AA Espinho, ACR Gulpilhares e Porto Santo SAD. Julgo que será entre estas 7 equipas que se vai lutar para não estar nos 4 lugares de descida.

A selecção portuguesa vai disputar o Campeonato do Mundo em San Juan, na sua opinião que pode Portugal fazer nesta prova?
O que pode e deve fazer é lutar em cada jogo pela vitória final. Julgo que ficar nos 3 primeiros lugares é o mínimo “exigido”, a ida à final é o que todos esperam e o título mundial é o que mais queremos, mas as outras equipas também querem o mesmo e não vão facilitar nada a ninguém. Por isso aproveito para desejar as maiores felicidades à nossa selecção.

Quais as selecções candidatas ao título mundial?
Infelizmente, são as candidatas do costume, Portugal, Espanha, Argentina e Itália. Qualquer uma destas seleções pode ser a vencedora, mas ponho a Espanha e a Argentina como os dois principais candidatos.

Para terminar, quer deixar alguma mensagem?
Agradecer esta atenção e desejar as maiores felicidades para a continuação não só deste projecto mas de todas as pessoas que têm contribuido para a divulgação e evolução do hóquei em patins. Aproveito ainda para assinalar que esta época pode ser um momento de viragem na realidade do hóquei em patins em Portugal. Temos todos que contribuir e continuar a construir uma modalidade que tem enorme potencial… esperemos que tal como a nossa selecção, o “Urso” adormecido acorde e siga um rumo com paços firmes em direcção a um futuro promissor e de sucessos!
Termino agradecendo a Força e Apoio que desde sempre muitos me têm dedicado… Obrigado.

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