(Fotos:advalongo.pt)
O nosso entrevistado de hoje é o jogador da Associação Desportiva de Valongo, João Marques.
O nosso entrevistado de hoje é o jogador da Associação Desportiva de Valongo, João Marques.
Como cresceu a sua paixão pelo Hóquei em Patins?
As minhas irmãs já andavam na
Patinagem e eu segui o mesmo caminho de aprender a patinar.
Ao fim de algum tempo comecei a
pegar no stick e na bola e nunca mais os larguei!
Ainda prossegui com a patinagem
durante alguns anos mas depois só quis continuar com a minha verdadeira paixão
que era o Hóquei em Patins! Comecei a jogar aos seis anos e desde aí tive a
certeza que o queria fazer para "sempre"!
É óbvio que algum dia terei de
abandonar mas espero que esse dia ainda esteja muito longe!
Quer nos falar por que clubes já passou até hoje?
Comecei no Alfena que é o clube
da minha terra e onde aprendi a patinar e a dar os primeiros passos na
modalidade, no 1º ano de Infantil A fui para o Académico mas não correu muito
bem porque sentia falta dos amigos que deixei em Alfena, não gostava de ter de
ir para o Porto para treinar e o ringue também não ajudava muito por isso
regressei a Alfena no ano seguinte.
Mais tarde, acabei por ir para
Valongo (no 1º ano de juvenil) à procura de algo melhor em termos desportivos,
ou seja, uma equipa mais forte que jogava todos os anos no Nacional, a aposta
correu bem e mantive-me no clube até hoje, uma vez que me identifico muito com
o mesmo e por quem tenho um carinho muito especial por tudo que o envolve!
Gosto muito das pessoas que fazem
parte do clube, sejam atletas, dirigentes ou adeptos e penso que as pessoas
também gostam de mim por isso considero o Valongo o clube do meu coração!
O Valongo é o clube do seu coração, afirmou à pouco, que significado
tem este clube para si?
Sim é, de facto, o clube do meu
coração! Apesar de não me ter formado lá, fiz os escalões de formação de
juvenis e juniores lá e desde então nunca mais saí.
É um clube diferente de todos os
outros, tem uma mística que provavelmente nenhum outro tem, em Valongo o Hóquei
em Patins é o desporto da cidade, as pessoas respiram hóquei, vivem e sentem o
hóquei de uma forma pouco comum e não vejo isto acontecer em nenhuma outra
cidade.
Pelo que vejo de fora talvez Turquel
e Viana se assemelhem um pouco mas Valongo é diferente, tem um historial muito
grande na modalidade, principalmente ao nível da formação que é uma das
melhores do país, se os jogadores formados em Valongo nunca abandonassem o
clube ainda nas camadas jovens não tenho dúvidas que o Valongo lutaria pelos
primeiros lugares no Campeonato Nacional da 1ª Divisão... E depois tem uns
adeptos fantásticos que acompanham a equipa para todo o lado e, em casa, quase
sempre comparecem em grande número!
Como disse anteriormente, em
Valongo as pessoas adoram o hóquei e, por isso, é fantástico pertencer a este
grande clube!
Fala nas pessoas de Valongo, o vosso pavilhão está sempre bem composto
nos jogos, sente que isso é importante para a equipa e de outro ponto de vista
dificulta o jogo do adversário?
Não tenho a menor dúvida de que é
muito importante para nós! Pessoalmente não há nada que me cative mais do que
jogar com o pavilhão cheio a apoiar-nos!
É algo de extraordinário sentir
as pessoas a puxarem por nós, a celebrarem um golo e, principalmente, a
apoiar-nos quando as coisas não estão a correr bem, é uma adrenalina enorme e
só quem joga do lado de cá é que é capaz de perceber essa relação entre as
pessoas e o clube.
Em relação aos adversários não
sei que efeito é que isso tem neles porque nunca passei por essa situação,
provavelmente intimida um pouco mas, sinceramente, quem me dera que todos os
pavilhões fossem assim, prefiro jogar num pavilhão cheio de gente a apoiar a
equipa contrária do que num pavilhão quase vazio...
Acho que faz falta ao hóquei
existirem mais pavilhões como o nosso!
Falando mais em coisas internas do grupo de trabalho, como viu a saída
do capitão de há muitos anos do Valongo para o Infante Sagres por dispensa do
clube ?
É óbvio que fiquei triste quando
tive conhecimento dessa situação porque se trata de um excelente profissional
e, acima de tudo, um grande amigo!
Foi sempre o nosso capitão e
alguém a quem estou muito agradecido pela ajuda que me deu desde que subi aos
seniores, alguém que sempre esteve disponível para ajudar no que fosse preciso,
não só em termos desportivos mas também pessoais, deste modo, como disse
anteriormente, fiquei triste pela sua saída mas são decisões que não me compete
a mim julgar.
Apenas lhe desejo tudo de bom a
todos os níveis e quem sabe se o futuro não nos junta outra vez!
O plantel foi reforçado com algumas caras novas, houve dificuldade na
adaptação dos novos colegas ao grupo no inicio?
Nenhuma!
Pelo contrário, temos um
balneário com um ambiente extraordinário, que conjuga muita juventude com
alguns jogadores mais experientes e os jogadores que chegaram este ano não
tiveram qualquer tipo de dificuldade de adaptação porque todos nós nos
esforçamos por os receber da melhor forma possível.
A esse nível penso que não podia
ter corrido melhor!
Quais os objectivos propostos pela direcção à equipa para esta época?
O objectivo é sempre tentar fazer
igual ou melhor à última época, embora tenhamos a consciência de que é difícil
atingir o patamar da época anterior uma vez que fizemos um campeonato
excelente!
De qualquer das maneiras a
prioridade é atingir a manutenção o mais cedo possível e, posteriormente,
tentar chegar o mais alto possível, tendo sempre a noção das nossas limitações
mas mantendo a ambição de lutar por um lugar nos seis primeiros!
E os objectivos pessoais do João Marques?
Os meus objectivos são os mesmos
da equipa, tentar chegar o mais alto possível na tabela classificativa,
procurar atingir um lugar que honre a tradição e mística do clube que represento,
se possível um lugar de acesso às competições europeias.
Em termos pessoais apenas desejo
não ter nenhuma lesão grave que me impeça de fazer aquilo que mais gosto que é
jogar hóquei em patins!
Ao fim de tantos anos, imagina-se a jogar sem a camisola do Valongo?
Essa é uma pergunta difícil de
responder! É óbvio que se algum dia sair daqui isso me vai custar bastante
porque gosto mesmo deste clube e, além de jogar, também estou envolvido na formação
ao treinar a equipa dos benjamins mas nunca se sabe o dia de amanhã... Se
surgir alguma oportunidade que eu considere muito boa para mim será difícil não
colocar essa hipótese mas, sinceramente, não me vejo a sair de Valongo... Quero
continuar a ajudar o clube não só como jogador mas também na formação de novos
atletas e, por isso, espero ficar aqui durante muitos anos e, quem sabe,
terminar a carreira de jogador com esta camisola!
De qualquer das maneiras, como
referi anteriormente, nunca se sabe o dia de amanhã e se algum dia isso
acontecer será complicado mas levarei o clube sempre no meu coração!
Uma mudança para um clube maior daria muito mais visibilidade ao seu
trabalho, gostaria de representar a Selecção Nacional?
Sim, penso que um clube maior me
daria também maior projecção mas não me parece que a diferença fosse assim tão
grande porque em Portugal qualquer pessoa ligada ao Hóquei em Patins facilmente
conhece todos os jogadores da 1ª Divisão.
Por isso, não penso que a
diferença de projecção fosse assim tão grande quanto isso, embora concorde que
me poderia abrir outras portas como o facto de jogar nas competições europeias,
em relação à Selecção Nacional é óbvio que sim, é o meu sonho de criança!
Seria um orgulho imenso alguma
vez jogar com aquela camisola e representar o nosso país mas sou muito realista
e tenho a plena consciência que isso é muito, muito difícil... Portugal tem
muitos grandes jogadores e só os melhores podem representar a selecção, por
isso, tenho humildade suficiente para perceber que não faço parte desse grupo
de jogadores.
De qualquer das maneiras nunca se
sabe se um dia mais tarde isso não poderá acontecer, tivemos recentemente o
caso do André Azevedo que já merecia ter sido chamado anteriormente mas só
agora aos 34 anos é que foi seleccionado a primeira vez, portanto, a esperança
é a última a morrer!
Como viu a prestação da nossa Selecção no Campeonato da Europa na
Alemanha?
Infelizmente não consegui seguir a maioria dos jogos da
Selecção devido aos treinos, jogos de pré-época, etc.
Mas do que acompanhei penso que estivemos bem até à final
onde voltámos a não ser felizes... Mais uma vez não conseguimos derrotar a
Espanha o que acabou por ser mais do mesmo.
Mas vamos acreditar que no futuro voltaremos a conquistar
títulos!
Como vê a situação do
Hóquei em Patins em Portugal?
Sinceramente, acho que já esteve bem melhor do que hoje...
Esta crise nacional (e mundial) não ajuda nada em termos de patrocínios e
outros apoios mas, de qualquer das maneiras, acho que isso não justifica tudo.
Penso que a divulgação do Hóquei em Patins tem sido muito
pouco trabalhada nos últimos anos principalmente no que diz respeito às
transmissões televisivas e ao espaço destinado pelos jornais desportivas à
nossa modalidade, não quero discutir aqui de quem é a culpa (até porque não me
compete a mim fazê-lo) mas penso que a Federação tem de fazer mais e melhor do
que o que tem feito, pelo menos ao nível da divulgação da modalidade.
Tenho pena que hoje em dia o Hóquei em Patins não tenha o
merecido reconhecimento por parte da comunicação social mas cabe-nos a nós,
todos os intervenientes na modalidade, tentar alterar essa situação para que o
hóquei volte a ocupar um lugar de destaque na sociedade portuguesa.
Se fosse a pessoa
responsável pelo Hóquei em Patins em Portugal, o que fazia para colocar a modalidade
no lugar que merece?
Essa é uma pergunta difícil de responder porque não tenho
noção de como as coisas se processam a esse nível e já por isso referi
anteriormente que não me compete a mim discutir essa questão.
A única coisa que posso dizer é que faria todos os esforços
para que a modalidade fosse mais divulgada e voltasse a ocupar um lugar de
destaque no panorama desportivo português e mundial.
E as novas regras,
acha que veio prejudicar ou melhorar a modalidade?
Penso que a ideia geral é boa, ou seja, trazer mais tempo de
jogo e menos faltas, no entanto, acho que ainda há muito caminho para
percorrer.
A introdução dos livres directos a castigarem o número de
faltas parece-me uma boa medida, assim como o tempo de ataque limitado e o jogo
em Power-Play, por outro lado, não me parece que o novo sítio do livre directo
faça mais sentido que as anteriores cruzes uma vez que não permite ganhar tanta
velocidade como antigamente.
Ainda assim, penso que o problema maior não se prende com as
novas regras mas sim com as equipas de arbitragem e suas respectivas
interpretações dessas mesmas regras, é inconcebível que numa semana qualquer
toque no stick seja punido com falta de equipa e na semana a seguir, com outra
equipa de arbitragem, só se marque falta se o jogador cair.
Não quero estar aqui a criticar os árbitros que certamente
se têm esforçado por fazer o seu trabalho da melhor forma possível mas é
imperativo que exista uniformidade na arbitragem, por fim, aquilo que me parece
estar completamente errado é o facto de terem que ser os árbitros a
"cronometrar" o tempo de ataque!
É uma situação ridícula e que tem de se mudada urgentemente
porque não pode competir aos árbitros essa situação, se não quiserem
implementar um cronómetro tipo o existente no Basquetebol então tem de ser o
terceiro árbitro o responsável por gerir esse tempo de ataque.
De qualquer das maneiras penso que, com o tempo, todos
estaremos de acordo que as novas regras (pelo menos a maioria) foram benéficas
para o hóquei em patins.
Qual é a sua maior
referência no Hóquei em Patins?
Pedro Alves, sem dúvida! O primeiro jogador que admirei foi
o Rui Lopes mas o meu ídolo foi e continua a ser o Pedro Alves.
Penso que foi um dos melhores jogadores de sempre da
modalidade e, do pouco que conheço, é também uma referência enquanto pessoa.
lembro-me de lhe pedir autógrafos e de tentar imitar as suas jogadas como se
fosse hoje!
Espero que, no futuro, continue ligado à modalidade porque é
um embaixador do hóquei em patins, juntamente com Tó Neves, Filipe Santos,
Paulo Alves, Reinaldo Ventura, etc.
Por outro lado, tenho pena que o Panchito não tenha ficado
mais tempo em Portugal pois era um jogador fenomenal, contra o qual
infelizmente nunca tive oportunidade de jogar.
Qual o treinador que
teve e que o marcou de algum forma e de que forma o marcou?
Todos os treinadores deixam sempre alguma coisa em nós, no
entanto, é óbvio que aquele que mais me marcou foi o Paulo Pereira, uma vez que
foi sempre o meu treinador desde que subi aos seniores e que ainda se mantém
actualmente.
Nesse aspecto não tenho grandes referências, uma vez que não
passei por outros treinadores desde que cheguei aos seniores.
E o jogador com quem
já trabalhou que o marcou mais?
Essa é uma questão complicada de responder, sinceramente não
consigo individualizar quem me marcou mais como colega de equipa.
Ainda assim, gostaria de referir os nomes do Jorge Vieira,
Pedro Lei, Dino e Miguel Viterbo como sendo os colegas que, provavelmente, mais
me ajudaram desde que ingressei nos seniores.
Se tivesse que
escolher um cinco ideal com jogadores portugueses, qual seria?
Guilherme Silva
Filipe Santos/Reinaldo Ventura
Paulo Almeida
Tó Neves
Pedro Alves
Filipe Santos/Reinaldo Ventura
Paulo Almeida
Tó Neves
Pedro Alves
Para terminar, quer
deixar alguma mensagem a todos?
A todos os intervenientes na modalidade, sejam jogadores,
treinadores, árbitros, dirigentes ou adeptos apenas peço que continuem a fazer
o máximo pelo Hóquei em Patins para que a modalidade seja cada vez melhor e
tenha cada vez mais visibilidade.
Para terminar, gostaria de te deixar uma palavra de apreço e de agradecimento pelo trabalho que tens efectuado.
Para terminar, gostaria de te deixar uma palavra de apreço e de agradecimento pelo trabalho que tens efectuado.
É muito importante para a modalidade existirem pessoas como
tu que contribuem de forma bastante positiva na divulgação da mesma!
Parabéns pelo trabalho e um grande abraço!
O "Best Hóquei" agradece ao João Marques a entrevista cedida e deseja as maiores felicidades para o resto da sua carreira.
Parabéns pelo trabalho e um grande abraço!
O "Best Hóquei" agradece ao João Marques a entrevista cedida e deseja as maiores felicidades para o resto da sua carreira.
2 comentários:
Parabéns Tiago, continua com este teu trabalho
José Santos
´Só vejo 3 clubes com as caracteristicas que o João falou:Valongo,Turquel e Carvalhos!
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