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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"É fantástico pertencer a este grande clube!"

 
(Fotos:advalongo.pt)

O nosso entrevistado de hoje é o jogador da Associação Desportiva de Valongo, João Marques.

Como cresceu a sua paixão pelo Hóquei em Patins?
As minhas irmãs já andavam na Patinagem e eu segui o mesmo caminho de aprender a patinar.
Ao fim de algum tempo comecei a pegar no stick e na bola e nunca mais os larguei!
Ainda prossegui com a patinagem durante alguns anos mas depois só quis continuar com a minha verdadeira paixão que era o Hóquei em Patins! Comecei a jogar aos seis anos e desde aí tive a certeza que o queria fazer para "sempre"!
É óbvio que algum dia terei de abandonar mas espero que esse dia ainda esteja muito longe!

Quer nos falar por que clubes já passou até hoje?
Comecei no Alfena que é o clube da minha terra e onde aprendi a patinar e a dar os primeiros passos na modalidade, no 1º ano de Infantil A fui para o Académico mas não correu muito bem porque sentia falta dos amigos que deixei em Alfena, não gostava de ter de ir para o Porto para treinar e o ringue também não ajudava muito por isso regressei a Alfena no ano seguinte.
Mais tarde, acabei por ir para Valongo (no 1º ano de juvenil) à procura de algo melhor em termos desportivos, ou seja, uma equipa mais forte que jogava todos os anos no Nacional, a aposta correu bem e mantive-me no clube até hoje, uma vez que me identifico muito com o mesmo e por quem tenho um carinho muito especial por tudo que o envolve!
Gosto muito das pessoas que fazem parte do clube, sejam atletas, dirigentes ou adeptos e penso que as pessoas também gostam de mim por isso considero o Valongo o clube do meu coração!

O Valongo é o clube do seu coração, afirmou à pouco, que significado tem este clube para si?
Sim é, de facto, o clube do meu coração! Apesar de não me ter formado lá, fiz os escalões de formação de juvenis e juniores lá e desde então nunca mais saí.
É um clube diferente de todos os outros, tem uma mística que provavelmente nenhum outro tem, em Valongo o Hóquei em Patins é o desporto da cidade, as pessoas respiram hóquei, vivem e sentem o hóquei de uma forma pouco comum e não vejo isto acontecer em nenhuma outra cidade.
Pelo que vejo de fora talvez Turquel e Viana se assemelhem um pouco mas Valongo é diferente, tem um historial muito grande na modalidade, principalmente ao nível da formação que é uma das melhores do país, se os jogadores formados em Valongo nunca abandonassem o clube ainda nas camadas jovens não tenho dúvidas que o Valongo lutaria pelos primeiros lugares no Campeonato Nacional da 1ª Divisão... E depois tem uns adeptos fantásticos que acompanham a equipa para todo o lado e, em casa, quase sempre comparecem em grande número!
Como disse anteriormente, em Valongo as pessoas adoram o hóquei e, por isso, é fantástico pertencer a este grande clube!

Fala nas pessoas de Valongo, o vosso pavilhão está sempre bem composto nos jogos, sente que isso é importante para a equipa e de outro ponto de vista dificulta o jogo do adversário?
Não tenho a menor dúvida de que é muito importante para nós! Pessoalmente não há nada que me cative mais do que jogar com o pavilhão cheio a apoiar-nos!
É algo de extraordinário sentir as pessoas a puxarem por nós, a celebrarem um golo e, principalmente, a apoiar-nos quando as coisas não estão a correr bem, é uma adrenalina enorme e só quem joga do lado de cá é que é capaz de perceber essa relação entre as pessoas e o clube.
Em relação aos adversários não sei que efeito é que isso tem neles porque nunca passei por essa situação, provavelmente intimida um pouco mas, sinceramente, quem me dera que todos os pavilhões fossem assim, prefiro jogar num pavilhão cheio de gente a apoiar a equipa contrária do que num pavilhão quase vazio...
Acho que faz falta ao hóquei existirem mais pavilhões como o nosso!


Falando mais em coisas internas do grupo de trabalho, como viu a saída do capitão de há muitos anos do Valongo para o Infante Sagres por dispensa do clube ?
É óbvio que fiquei triste quando tive conhecimento dessa situação porque se trata de um excelente profissional e, acima de tudo, um grande amigo!
Foi sempre o nosso capitão e alguém a quem estou muito agradecido pela ajuda que me deu desde que subi aos seniores, alguém que sempre esteve disponível para ajudar no que fosse preciso, não só em termos desportivos mas também pessoais, deste modo, como disse anteriormente, fiquei triste pela sua saída mas são decisões que não me compete a mim julgar.
Apenas lhe desejo tudo de bom a todos os níveis e quem sabe se o futuro não nos junta outra vez!

O plantel foi reforçado com algumas caras novas, houve dificuldade na adaptação dos novos colegas ao grupo no inicio?
Nenhuma!
Pelo contrário, temos um balneário com um ambiente extraordinário, que conjuga muita juventude com alguns jogadores mais experientes e os jogadores que chegaram este ano não tiveram qualquer tipo de dificuldade de adaptação porque todos nós nos esforçamos por os receber da melhor forma possível.
A esse nível penso que não podia ter corrido melhor!

Quais os objectivos propostos pela direcção à equipa para esta época?
O objectivo é sempre tentar fazer igual ou melhor à última época, embora tenhamos a consciência de que é difícil atingir o patamar da época anterior uma vez que fizemos um campeonato excelente!
De qualquer das maneiras a prioridade é atingir a manutenção o mais cedo possível e, posteriormente, tentar chegar o mais alto possível, tendo sempre a noção das nossas limitações mas mantendo a ambição de lutar por um lugar nos seis primeiros!

E os objectivos pessoais do João Marques?
Os meus objectivos são os mesmos da equipa, tentar chegar o mais alto possível na tabela classificativa, procurar atingir um lugar que honre a tradição e mística do clube que represento, se possível um lugar de acesso às competições europeias.
Em termos pessoais apenas desejo não ter nenhuma lesão grave que me impeça de fazer aquilo que mais gosto que é jogar hóquei em patins!

Ao fim de tantos anos, imagina-se a jogar sem a camisola do Valongo?
Essa é uma pergunta difícil de responder! É óbvio que se algum dia sair daqui isso me vai custar bastante porque gosto mesmo deste clube e, além de jogar, também estou envolvido na formação ao treinar a equipa dos benjamins mas nunca se sabe o dia de amanhã... Se surgir alguma oportunidade que eu considere muito boa para mim será difícil não colocar essa hipótese mas, sinceramente, não me vejo a sair de Valongo... Quero continuar a ajudar o clube não só como jogador mas também na formação de novos atletas e, por isso, espero ficar aqui durante muitos anos e, quem sabe, terminar a carreira de jogador com esta camisola!
De qualquer das maneiras, como referi anteriormente, nunca se sabe o dia de amanhã e se algum dia isso acontecer será complicado mas levarei o clube sempre no meu coração!

Uma mudança para um clube maior daria muito mais visibilidade ao seu trabalho, gostaria de representar a Selecção Nacional?
Sim, penso que um clube maior me daria também maior projecção mas não me parece que a diferença fosse assim tão grande porque em Portugal qualquer pessoa ligada ao Hóquei em Patins facilmente conhece todos os jogadores da 1ª Divisão.
Por isso, não penso que a diferença de projecção fosse assim tão grande quanto isso, embora concorde que me poderia abrir outras portas como o facto de jogar nas competições europeias, em relação à Selecção Nacional é óbvio que sim, é o meu sonho de criança!
Seria um orgulho imenso alguma vez jogar com aquela camisola e representar o nosso país mas sou muito realista e tenho a plena consciência que isso é muito, muito difícil... Portugal tem muitos grandes jogadores e só os melhores podem representar a selecção, por isso, tenho humildade suficiente para perceber que não faço parte desse grupo de jogadores.
De qualquer das maneiras nunca se sabe se um dia mais tarde isso não poderá acontecer, tivemos recentemente o caso do André Azevedo que já merecia ter sido chamado anteriormente mas só agora aos 34 anos é que foi seleccionado a primeira vez, portanto, a esperança é a última a morrer!

Como viu a prestação da nossa Selecção no Campeonato da Europa na Alemanha?
Infelizmente não consegui seguir a maioria dos jogos da Selecção devido aos treinos, jogos de pré-época, etc.
Mas do que acompanhei penso que estivemos bem até à final onde voltámos a não ser felizes... Mais uma vez não conseguimos derrotar a Espanha o que acabou por ser mais do mesmo.
Mas vamos acreditar que no futuro voltaremos a conquistar títulos!

Como vê a situação do Hóquei em Patins em Portugal?
Sinceramente, acho que já esteve bem melhor do que hoje... Esta crise nacional (e mundial) não ajuda nada em termos de patrocínios e outros apoios mas, de qualquer das maneiras, acho que isso não justifica tudo.
Penso que a divulgação do Hóquei em Patins tem sido muito pouco trabalhada nos últimos anos principalmente no que diz respeito às transmissões televisivas e ao espaço destinado pelos jornais desportivas à nossa modalidade, não quero discutir aqui de quem é a culpa (até porque não me compete a mim fazê-lo) mas penso que a Federação tem de fazer mais e melhor do que o que tem feito, pelo menos ao nível da divulgação da modalidade.
Tenho pena que hoje em dia o Hóquei em Patins não tenha o merecido reconhecimento por parte da comunicação social mas cabe-nos a nós, todos os intervenientes na modalidade, tentar alterar essa situação para que o hóquei volte a ocupar um lugar de destaque na sociedade portuguesa.

Se fosse a pessoa responsável pelo Hóquei em Patins em Portugal, o que fazia para colocar a modalidade no lugar que merece?
Essa é uma pergunta difícil de responder porque não tenho noção de como as coisas se processam a esse nível e já por isso referi anteriormente que não me compete a mim discutir essa questão.
A única coisa que posso dizer é que faria todos os esforços para que a modalidade fosse mais divulgada e voltasse a ocupar um lugar de destaque no panorama desportivo português e mundial.

  
E as novas regras, acha que veio prejudicar ou melhorar a modalidade?
Penso que a ideia geral é boa, ou seja, trazer mais tempo de jogo e menos faltas, no entanto, acho que ainda há muito caminho para percorrer.
A introdução dos livres directos a castigarem o número de faltas parece-me uma boa medida, assim como o tempo de ataque limitado e o jogo em Power-Play, por outro lado, não me parece que o novo sítio do livre directo faça mais sentido que as anteriores cruzes uma vez que não permite ganhar tanta velocidade como antigamente.
Ainda assim, penso que o problema maior não se prende com as novas regras mas sim com as equipas de arbitragem e suas respectivas interpretações dessas mesmas regras, é inconcebível que numa semana qualquer toque no stick seja punido com falta de equipa e na semana a seguir, com outra equipa de arbitragem, só se marque falta se o jogador cair.
Não quero estar aqui a criticar os árbitros que certamente se têm esforçado por fazer o seu trabalho da melhor forma possível mas é imperativo que exista uniformidade na arbitragem, por fim, aquilo que me parece estar completamente errado é o facto de terem que ser os árbitros a "cronometrar" o tempo de ataque!
É uma situação ridícula e que tem de se mudada urgentemente porque não pode competir aos árbitros essa situação, se não quiserem implementar um cronómetro tipo o existente no Basquetebol então tem de ser o terceiro árbitro o responsável por gerir esse tempo de ataque.
De qualquer das maneiras penso que, com o tempo, todos estaremos de acordo que as novas regras (pelo menos a maioria) foram benéficas para o hóquei em patins.

Qual é a sua maior referência no Hóquei em Patins?
Pedro Alves, sem dúvida! O primeiro jogador que admirei foi o Rui Lopes mas o meu ídolo foi e continua a ser o Pedro Alves.
Penso que foi um dos melhores jogadores de sempre da modalidade e, do pouco que conheço, é também uma referência enquanto pessoa. lembro-me de lhe pedir autógrafos e de tentar imitar as suas jogadas como se fosse hoje!
Espero que, no futuro, continue ligado à modalidade porque é um embaixador do hóquei em patins, juntamente com Tó Neves, Filipe Santos, Paulo Alves, Reinaldo Ventura, etc.
Por outro lado, tenho pena que o Panchito não tenha ficado mais tempo em Portugal pois era um jogador fenomenal, contra o qual infelizmente nunca tive oportunidade de jogar.

Qual o treinador que teve e que o marcou de algum forma e de que forma o marcou?
Todos os treinadores deixam sempre alguma coisa em nós, no entanto, é óbvio que aquele que mais me marcou foi o Paulo Pereira, uma vez que foi sempre o meu treinador desde que subi aos seniores e que ainda se mantém actualmente.
Nesse aspecto não tenho grandes referências, uma vez que não passei por outros treinadores desde que cheguei aos seniores.

E o jogador com quem já trabalhou que o marcou mais?
Essa é uma questão complicada de responder, sinceramente não consigo individualizar quem me marcou mais como colega de equipa.
Ainda assim, gostaria de referir os nomes do Jorge Vieira, Pedro Lei, Dino e Miguel Viterbo como sendo os colegas que, provavelmente, mais me ajudaram desde que ingressei nos seniores.

Se tivesse que escolher um cinco ideal com jogadores portugueses, qual seria?
Guilherme Silva
Filipe Santos/Reinaldo Ventura
Paulo Almeida
Tó Neves
Pedro Alves

Para terminar, quer deixar alguma mensagem a todos?
A todos os intervenientes na modalidade, sejam jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes ou adeptos apenas peço que continuem a fazer o máximo pelo Hóquei em Patins para que a modalidade seja cada vez melhor e tenha cada vez mais visibilidade.
Para terminar, gostaria de te deixar uma palavra de apreço e de agradecimento pelo trabalho que tens efectuado.
É muito importante para a modalidade existirem pessoas como tu que contribuem de forma bastante positiva na divulgação da mesma!
Parabéns pelo trabalho e um grande abraço!

O "Best Hóquei" agradece ao João Marques a entrevista cedida e deseja as maiores felicidades para o resto da sua carreira.

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns Tiago, continua com este teu trabalho

José Santos

Anónimo disse...

´Só vejo 3 clubes com as caracteristicas que o João falou:Valongo,Turquel e Carvalhos!