Depois de uma vida ligada ao
FC Porto, Reinaldo Ventura deixa o emblema “azul e branco” depois de mais de
duas décadas ao serviço do emblema portista.
Aos 37 anos de idade o
internacional português vai ser jogador do OC Barcelos já na próxima temporada.
Reinaldo Ventura contribuiu
para inúmeros títulos do FC Porto em especial fica na retina o “Deca” no
Campeonato da Nacional da 1ª Divisão.
Abdicou da ida à Selecção
Nacional de Portugal desde do final do Campeonato da Europa realizado em Lordelo
em 2012, “Rei” foi um dos obreiros do Campeonato do Mundo conquistado por
Portugal em Oliveira de Azeméis em 2003.
O agora jogador do OC Barcelos
concedeu ao Best Hóquei uma entrevista onde aborda vários assuntos como a saída do Dragão
Caixa, o ingresso no Barcelos e sobre a Selecção Nacional.
A pergunta que todos queriam
ver respondida, o que levou ao corte da ligação do FC Porto com o Reinaldo ao
fim de tantos anos?
È uma pergunta que nem eu consigo
responder. Simplesmente o FC Porto não demonstrou interesse na minha
continuidade como jogador e eu tive que procurar um novo caminho para a minha
carreira.
Com tantos anos ao serviço do
FC Porto, que análise pode fazer da sua passagem no clube?
Mais
importante que o orgulho de todos estes anos, de todos os títulos, de todos os
momentos, é sair de consciência tranquila que tudo fiz para dignificar aquela
que foi a minha camisola, o meu símbolo durante 26 anos. Disso ninguém me pode
acusar e é aquilo que mais me orgulha. Depois todas as amizades que ficaram.
Tenho a certeza que serei respeitado quando voltar ao Dragão Caixa.
Pode-se dizer
que o que faltou ao Reinaldo no FC Porto foi uma Liga Europeia?
Em termos de
títulos sim.
Na hora da
despedida, com que sentimento sai do FC Porto?
Como já tinha
dito saio de consciência tranquila. É o melhor sentimento com que se pode sair.
Para terminar
o capítulo FC Porto, sente que merecia mais nesta hora depois do que fez pelo
clube?
O clube é
demasiado grande para me dever o que quer que seja. Deu-me as melhores
condições para fazer o que mais gosto de fazer e o orgulho de me deixar vestir
a camisola durante tantos anos. Não levo mágoa do clube de forma alguma.
FOTO: HOQUEIPT.COM
Agora vem ai uma
nova aventura, que aliciantes o levaram a rumar ao OC Barcelos?
O Barcelos
sempre foi um clube do qual fui um admirador. É de uma zona que vive
intensamente o Hóquei e é um clube que tem um apoio incrível por parte dos
adeptos. Sinto que estão numa fase crescente e eu aceitei o convite porque
quero ajudar o Barcelos a voltar aos grandes palcos. Tudo irei fazer com a
minha entrega habitual, para subir mais um patamar. Sei que não vai ser uma
tarefa fácil mas também sei que ambição não nos falta. Podia ter aceitado
outros convites financeiramente mais vantajosos mas era no Barcelos que queria
jogar.
Falando em
objectivos para a próxima época, o Barcelos ira manter praticamente quase todo
o plantel e mantem a dinâmica de jogo. Olhando para o feito de um Valongo em
13-14 ao vencer o título, o Barcelos poderá sonhar com o título num futuro a
curto-prazo?
Sabemos que é
difícil pensar nessas metas a curto prazo, mas a nossa ambição passa por ir
para todos os jogos com grande ambição e vontade de vencer jogo a jogo. Depois
vamos vendo. Temos uma equipa jovem com grande ambição e eu sou mais um com
essa vontade e ambição.
Na Taça CERS
e Taça de Portugal o principal objectivo é chegar às Final4?
Na fase de
evolução que o Barcelos está acredito que esse é um objectivo a alcançar.
Esperemos conseguir.
O Reinaldo
tinha no FC Porto uma ligação forte com os “Super Dragões”. O Barcelos também e
conhecido por ter uma apoio forte vindo das bancadas nos jogos. Quer também em
Barcelos cativar o público como conseguia no Dragão Caixa?
Claro que
sim, Já tive oportunidade de falar com elementos da “Kaos” e com alguns adeptos
do Barcelos e existe um espirito muito positivo e de grande vontade da parte
deles em apoiar o clube a voltar ao topo. Acho que todos juntos faz muito mais
sentido.
Apesar de
ainda ser muito cedo, já se dá por si a pensar como irá regressar ao Dragão
Caixa como adversário?
Claro que já
me passou pela cabeça, mas irei como jogador do Barcelos e tudo darei de mim
para conseguir a vitória. Sou profissional e não me vejo a reagir de outra
forma.
Olhando para
as mudanças nos planteis na opinião do Reinaldo vai ser um campeonato de novo a
dois na luta pelo título ou poderá ser diferente?
Será
diferente com certeza. Na minha opinião o Benfica parte um pouco à frente de
todos porque manteve o treinador e reforçou-se com dois jogadores de alto
nível, depois há várias equipas atrás que vão lutar pelo título. Porto,
Sporting e Oliveirense. Depois várias equipas que vão tornar este campeonato
bastante interessante. Estamos a caminhar para um Hóquei de grande nível e de
máxima exigência onde se poderão perder pontos em vários campos.
O Reinaldo já
jogou o Campeonato Nacional em sistema de Play-Off, na sua opinião esse sistema
beneficia mais o hóquei português ou o actual é mais benéfico?
Em ambas as
situações vai sempre haver discordância de uns e concordância de outros. Na
minha opinião este acaba por ser um modelo que beneficia todos, obrigando o
campeonato a acabar na mesma altura para todas as equipas. Este ano acredito
que tenha sido uma excepção com o campeonato a acabar cedo de mais.
FOTO: GORDON MORRISON
Mudando de
assunto, como viu a participação de Portugal no Campeonato do Mundo?
Acho que foi
uma participação muito positiva, sei que todos nós amantes da modalidade
andamos a demasiado tempo a espera de uma vitória mas todos nós temos que
perceber que estamos numa fase de transição que no futuro nos vai dar muitas
alegrias.
Muitos dizem
que o Reinaldo ainda faz falta a Portugal, o que o motivou abdicar da ida a
selecção?
Não concordo.
O Sénica convoca aqueles que mais confiança lhe dá e nós deste lado só temos de
apoiar. Eu abdiquei da selecção por vários motivos mas o principal foi o
cansaço. Queria-me dedicar só ao meu clube. Depois porque também achava que era
necessária uma mudança numa selecção que nada ganhava e eu fui o primeiro.
Fala-se muito
na renovação na selecçao portuguesa e ao mesmo tempo pede-se títulos europeus e
múndias. Isso e possível? Ou para se ganhar tem de ser com “os melhores” da
actualidade?
Acho que tem
que ser um misto, se puder juntar as duas situações melhor. Temos a sorte de
ter uma geração futura muito forte com vários títulos nas camadas jovens e
temos que os deixar seguir o seu caminho.
Aquele final
do jogo em Lordelo no Europeu frente a Espanha ficaram “atravessados na
garganta”?
Ficou a
todos. Era a minha despedida por isso acredito que a mim me tenha custado mais
um pouco mas aqueles que também não foram mais tenha custado. Acho que para
todos nós, jogadores, adeptos e amantes da modalidade custa sempre que Portugal
não ganha. Até a todos aqueles que só sabem dizer mal de tudo custa.
Certamente o
que gostava era terminar a carreira no FC Porto, agora e com esta mudança, já
pensou onde gostaria de daqui uns anos terminar a carreira?
Agora só
penso no Barcelos.
No futuro
tenciona seguir a carreira de treinador ou não está nos seus planos?
Quero sim.
Tive uma experiencia com os Juniores do FC Porto que me agradou imenso e no
futuro gostaria de seguir uma carreira de treinador mas para já só penso em
jogar e ser feliz a fazer o que mais gosto.
Se tivesse
que resumir numa frase a importância do Hóquei em Patins na sua vida, o que
diria?
È a minha
paixão desde os 3 anos.
Para
terminar, quer deixar alguma mensagem?
Que todos aqueles
que gostam de Hóquei tanto quanto eu que façam tudo para voltar a meter esta modalidade
onde ela tanto merece e agradecer a ti pelo teu trabalho. É de louvar.
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