(Fotos: Facebook Luis Duarte)
Luís Duarte é o mais recente campeão europeu na categoria de sub-20, ainda a saborear este titulo para o hóquei português, estivemos à conversa com o seleccionador português que nos respondeu a várias questões.
Como se sente depois de conquistar o Tri-Campeonato da Europa de Sub-20?
Muito feliz pelo feito alcançado ao serviço da F.P.P. em prol do Hóquei em Patins.
Puxando “a cassete atrás”, que momentos consegue identificar na preparação do grupo para este campeonato em termos negativos e positivos?
Positivos: os atletas virem já com cerca de 1 mês e 15 dias de preparação nos clubes; o estágio que realizámos em Oeiras e os jogos de preparação que fizemos com a Sanjoanense, Oliveirense, Paço de Arcos e Oeiras, os quais nos deram bases para corrigirmos algumas lacunas que observámos. Há que realçar também, o espírito de grupo e união, de sacrifício e entrega dos atletas e staff para que os objetivos fossem alcançados.
Negativos, uma gastroenterite em alguns atletas no final do 2º estágio que condicionou algumas unidades de treino no último estágio, que ainda estavam em recuperação.
É sabido que a ida de Portugal a este Campeonato da Europa não teve os devidos apoios, como a viagem a ser feita de autocarro e não de avião, como se sente um seleccionador ao ver que as entidades do seu país não os apoia como deviam?
Todos sabem a diferença entre de ir de autocarro numa viagem de cerca de 30 horas e uma viagem de avião de cerca de 3 horas, mas sobre a pergunta, penso que o Sr. Paulo Rodrigues da F.P.P. disse tudo ao jornal A Bola: ”o Estado tem que rever a forma como apoia as federações e olha para essas situações, que não são nada dignificantes”.
Sentiu que apesar de cumpridos os objectivos, o rendimento da equipa foi afectado pela longa viagem de cerca de 30 horas de autocarro?
Antes de iniciar a preparação já sabíamos e foi transmitido aos atletas que teríamos que realizar a viagem de autocarro, mas que a preparação não iria sofrer alterações porque tínhamos uma MISSÃO a cumprir que era ser “Campeão da Europa”.
Sobre o rendimento, conseguimos gerir o esforço dos atletas durante os 6 dias seguidos de competição, sabendo perentoriamente o sacrifício que foi feito pelos mesmos, visto que a viagem de autocarro teria com certeza aspetos nefastos numa competição que queríamos vencer. Felizmente ganhámos!
Falando agora na prestação de Portugal, que balanço faz desde o primeiro jogo e até ao início da grande final neste europeu?
100% vitorioso, não acusando nada em nenhum jogo, nem nos golos sofridos. Fomos do 1º ao último segundo uma equipa unida, com ambição e humilde.
Na final encontram a famosa já selecção espanhola, o que disse aos seus jovens nos balneários antes do jogo?
A preparação do jogo começou logo após a meia final, em que lhes disse algo do género: “ainda não ganhámos nada, apenas chegámos onde queríamos estar”…depois foi uma longa noite com poucas horas de sono, a visualizar os jogos da Espanha com o meu adjunto Nuno Carrão.
Realizamos vídeos curtos, dos pormenores ofensivos e defensivos dos espanhóis, que deram frutos.
Que análise faz ao jogo da final de onde saiu tri-campeão europeu?
Jogo soberbo, ao mais alto nível da nossa parte. Na 1ª parte a Espanha apenas fez 3 remates à nossa baliza, e estavam a perder 2 a 0, o que espelha a nossa prestação defensiva. Na 2ª parte eles tiveram mais remates mas as oportunidades de golo foram idênticas, por isso a análise é bastante positiva. Digo também, que os espanhóis tinham jogadores muito bons, mas nós fomos superiores.
Todos falam do Gonçalo Alves ser um novo génio do hóquei português, teve oportunidade de trabalhar com ele, que opinião tem sobre o Gonçalo?
Eu já trabalhei com o Gonçalo no inter-regiões pela seleção de Lisboa, e nos últimos 3 anos que estou como selecionador nacional. Ele sabe o que vou dizer, porque temos conversas frequentes. O Gonçalo pode ser um génio, mas tem também de saber mais de Hóquei em Patins. Isto quer dizer que se melhorar no sistema defensivo e controlar alguns dos seus ímpetos no ataque será de certeza um dos melhores da história mundial. “Apenas” ganhou 2 títulos europeus de sub17 e sub20. Até à data muito poucos o fizeram, e penso que na Oliveirense, com jogadores experientes, poderá melhorar muito estes aspetos que abordei anteriormente. Queria dizer também que ele não joga sozinho, e que os restantes colegas da equipa também são - para mim - um ORGULHO.
Falando do Luís Duarte, depois desta campanha em França, que objectivos têm para o futuro?
Agora é desfrutar do momento junto da família e amigos que me apoiaram neste último mês de estágios e competição, vendo alguns jogos também, daqui a uns dias voltar à escola para dar aulas de Educação Física. Depois, contribuir para a F.P.P. com os cursos de treinador e continuar o trabalho realizado como nos anos anteriores. Também, começarei a organizar em breve, em conjunto com o treinador Carlos Pires as 13ª Clínicas de Verão (www.clinicasdeverao.no.sapo.pt) que têm também tido um grande sucesso e orgulhamo-nos da sua longevidade.
Que mensagem gostava de deixar neste momento?
A mensagem tem de ser obrigatoriamente muito positiva e construtiva. O Hóquei em Patins é a modalidade que mais títulos dá a Portugal, por isso temos que acreditar que estamos no bom caminho, mas também com os pés bem assentes no chão, porque é necessário continuar a trabalhar e a lançar as sementes para que as colheitas sejam cada vez melhores…este ano os sub20 tiveram 7 atletas que estão integrados nos seniores com 4 a 5 treinos semanais acrescidos do jogo.
Penso que seja necessário que exista mais aposta nos jovens juniores em seniores uma vez que a respetiva transição não é fácil, mas a qualidade destes está patente e somos TRI CAMPEÕES EUROPEUS. Deverá existir mais aposta dos clubes nestes GRANDES JOGADORES JUNIORES.
